Nós merecemos saber!
Estamos vivendo tempos muito difíceis na saúde pública e algumas atitudes que têm sido tomadas pela gestão municipal só pioram a situação, dos funcionários e da própria população curitibana.
No dia 20 de novembro, por exemplo, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba fechou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Fazendinha. Desde esse dia, pacientes do Hospital do Idoso Zilda Arns estão sendo transferidos para lá, um local inadequado para esse tipo de atendimento.
Ao total, mais de 70 pacientes deverão ser remanejados e, sinceramente, chega a dar pena destas pessoas, pois a UPA não tem a estrutura necessária para internamentos de longo período, principalmente de idosos e em número tão grande.
Cada técnico de enfermagem está responsável por seis pacientes para cuidados integrais, desde banho, alimentação, medicação, curativos, troca de roupas e mudança de posição. Isso quando a equipe está completa, o que desde o início da pandemia tem sido muito raro, pois os profissionais têm adoecido com mais frequência. Muitos deles foram contaminados pelo novo coronavírus e lutam contra as sequelas, que comumente afetam o pulmão e a massa muscular, deixando-os enfraquecidos e cansados. Outros já tinham problemas de saúde que não permitiam grande esforço físico e, como estas restrições não estão sendo respeitadas, logo não terão mais condições de enfrentar a sobrecarga de trabalho que lhes tem sido imposta.
Para ficar mais claro, são pacientes totalmente dependentes e nesse espaço não há condições mínimas de segurança para eles, não há ergonomia para os profissionais e a estrutura física é inadequada. Acreditem se quiserem, mas muitos dos “leitos” foram colocados no que era o saguão da UPA, que não tem nem mesmo forro, se parece com um galpão.
Outra que foi fechada nesta sexta (27) foi a UPA Boqueirão que, a partir de agora, receberá só pacientes covid positivos encaminhados pela Central de Leitos, que necessitam de internamento. Inúmeras pessoas, adultos e crianças, deixarão de ser atendidas. Para piorar, os profissionais não estão recebendo insalubridade em grau máximo e terão que ficar em atendimento contínuo a pacientes com covid, o que aumenta muito o risco de contágio e de se desenvolver a forma grave da doença, que pode matar.
As outras UPAs seguem superlotadas e com muitos trabalhadores afastados e não repostos, salas de emergência estão sendo divididas por biombos que atendem de um lado pacientes com covid e do outro pessoas com outros problemas – isto não está de acordo com o protocolo de isolamento.
Para piorar ainda mais, a SMS cogita o fechamento de unidades de saúde por falta de mão de obra. Se isso acontecer, quem atende uma hipertensão, uma hipoglicemia (que mata rapidamente), uma hemorragia gástrica? Alegam falta de profissionais… e realmente está faltando gente. Desde o início da pandemia, o Sindicato dos Servidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec) tem cobrado a contratação de concursados – e há vários já aprovados que estão aguardando para assumir, mas esta gestão é birrenta e dá desculpas para não os chamar ao trabalho. Prefere contratar pelo PSS (processo seletivo simplificado), mas esta opção é temporária e as pessoas não permanecem por muito tempo devido ao baixo salário, o menor de todas as secretarias da região metropolitana, da sobrecarga de trabalho e da falta de estabilidade.
Além de tudo isso, a procuradoria da Prefeitura de Curitiba agiu sem escrúpulos e exonerou mais de cinco profissionais indevidamente e de uma só vez, alegando não terem sido aprovados em estágio probatório. Se está tudo suspenso, quinquênio, crescimentos etc., por que manter os estágios probatórios? Em adição, muitos outros profissionais foram suspensos por 90 dias, entre estes cinco de uma unidade só. Mesmo que fossem corretas, essas penalidades não deveriam ter sido aplicadas em plena pandemia. Os servidores não tiveram nem o direito de se defender.
Outras coisas ainda estão muito mal explicadas. No início da situação de emergência sanitária, a SMS desalojou duas maternidades para abrigar pacientes com covid e contratou mais dois hospitais particulares que haviam falido. E agora, onde estão esses leitos? Cadê esses contratos? O Conselho Municipal de Saúde (CMS) tem conhecimento do teor, das condições e valores desses contratos? A Câmara de Vereadores está acompanhando isso de perto? O que nos dizem?
E os absurdos não param por aí… uma equipe inteira do Samu (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência) foi fechada. E quem sofre as consequências de tudo isso, como sempre, são os profissionais e os pacientes.
E então, o que justifica esse comportamento da gestão? Queremos explicações! Merecemos justiça!

